Cláudio Lins
Fotografia de newborn é tudo igual?
Atualmente ser inteiramente original pode ser uma tarefa muito difícil. Dada a diversidade de imagens, influências, referências e a velocidade de acesso a tudo pela internet, tanto acesso a inúmeras fotografias de recém-nascidos surge o questionamento se é possível o fotógrafo diferenciar-se, ser reconhecido e construir um estilo próprio.
Mesmo diante de toda essa dificuldade, acredito que o fotógrafo de newborn pode sim imprimir a sua criatividade, suas características pessoais e a sua identidade no seu trabalho. O desafio de reinventar-se, reelaborar e dar novo significado a trabalhos que já existem, apesar de toda a influência externa, torna sim o seu trabalho único e diferenciado no mercado.
Para destacar-se e ser reconhecido pelos seus clientes e até mesmos pelos seus pares (fotógrafos) em meio a tantas imagens divulgadas no grande mercado de visibilidades que são as redes sociais, o fotógrafo de recém-nascido precisa construir uma boa identidade visual que o represente e atingir uma boa qualidade estética que favoreça o seu reconhecimento.
Como a fotografia newborn envolve muitas variáveis, em um primeiro momento, é natural estarmos mais preocupados em lidar com o bebê e seus familiares, (em fazê-lo relaxar, dormir, etc.) do que com outros aspectos também muito importantes da fotografia como a composição. Nesse começo as maiores preocupações são com a segurança, conforto do bebê no ensaio e com o domínio das técnicas de posicionamento até que estas sejam executadas “corretamente”. À medida em que ficamos mais seguros, dominando tais aspectos, ficamos cada vez mais livres para criar, utilizar todos os recursos da fotografia e expressar uma visão particular.
O processo da fotografia newborn é feito sob a direção do fotógrafo, cabendo a ele decidir sob vários aspectos, como a montagem da cena, iluminação, escolha de elementos, acessórios (pisos, mantas, roupas, props, mantas, etc.), texturas, planos de fundo, cores, ângulos, profundidade de campo, etc. Todos esses fatores geram uma grande possibilidade de composições que podem gerar muitos elementos atrativos que despertem a atenção do expectador criando desta forma o interesse na foto.
Nesta busca pela sua identidade, o fotógrafo deve considerar algumas reflexões importantes: De que forma você vê um recém-nascido? Quais os sentimentos ele desperta em você naquele momento? Que sentimentos você deseja provocar? O que você deseja expressar para o expectador com o resultado de sua foto? Qual iluminação você pretende utilizar para o tema escolhido? Quais cores, tons e harmonias? Pretende utilizar outros elementos no seu cenário?
Pensando nisto, fica mais fácil tomar algumas decisões e mergulhar no processo criativo!
Essas respostas, sobre sua visão, seus gostos, repertório, bagagem cultural, paixões e inspirações podem ajudar na construção de uma identidade representativa do fotógrafo newborn, através das suas cores, sua luz, pontos de interesse, elementos, tratamento de imagem etc. seu estilo vai sendo construído. Existem várias formas de ver uma mesma coisa não é mesmo? Quanto mais a sua forma de ver aparecer na sua foto, mais singular ela fica.
Ainda assim, seja qual for o seu estilo, é importante buscar uma qualidade estética. Como na fotografia de modo mais amplo, também na fotografia de recém-nascidos podemos utilizar vários elementos da composição fotográfica, para tornar nossas cenas mais interessantes e ainda criar uma identidade.
Abaixo seguem algumas diretrizes para auxiliar com a construção de uma imagem interessante e comunicativa:
– O assunto principal da fotografia newborn é o bebê (tema da foto) e assim, ele deve ser percebido e destacado como tal (isso pode ser feito através da luz, da cor, plano, profundidade de campo, ordem e quantidade de elementos, tamanho etc.). A imagem tem que destacar o bebê em detrimento do fundo ou outros objetos secundários;
– Cuidado especial com mãos pés – em primeiro plano para que não fiquem desproporcionais e não chamem mais atenção que o rostinho do bebê;
– Atenção a quantidade e ordem dos elementos, nos planos e aos motivos secundários;
– Através da composição pode-se alcançar o efeito emocional desejado, passar o clima da foto e quebrar a monotonia. A ideia é criar pontos de interesse que fixem a atenção do expectador;
– Atenção especial a combinação de cores entre si e sua relação como cenário;
– O tamanho dos objetos tem peso visual, evite criar elementos desnecessários;
– Use também linhas e formas geométricas, padrões repetições, texturas, luz e sombra para criar uma imagem agradável e comunicativa;
– A sua luz e sombra são fundamentais para criar noção de volume, para dar a direção do olhar, criar contornos, aumentar a sensação sobre as texturas, evidenciar pontos, suavizar imperfeições, colocar em cena, tirar de cena, conferir peso dramático ou suave.
As cores são excelentes para passar o clima apropriado, cores quentes transmitem energia (amarelo, laranja, vermelho), cores frias, tons baixos transmitem harmonia, estabilidade, tranquilidade (azul claro, lilás, verde água). Tons escuros são mais pesados que os claros. É possível quebrar a monotonia usando uma cor diferente numa cena com elementos monocromáticos (exemplo: manta roxa, layer lilás, touca verde).
É importante lembrar que não há certo e errado em se tratando de composição e de arte, pois envolvem criação e inovação.
Quanto à inspiração é importante prestar muita atenção a tudo, artes, pessoas, lugares, cultura, literatura, fotografia, moda, música, dança e cinema etc. Tudo pode servir de inspiração, uma pessoa, um quadro, uma cena, um lugar, uma roupa, um objeto, um costume, um comportamento, uma cor, uma foto, um bicho de estimação. Não há regras para o processo criativo de cada um.
